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Machosfera cresce exponencialmente na internet e somente agora percebeu-se a necessidade de combatê-la

Mulheres Empoderadas, Por Simone Santos, Coach de Empreendedorismo Feminino e Educadora

Em 16/03/2023 às 16:11:49

Há mais de vinte anos atrás fui chamada de mal amada por um professor famoso da Universidade Federal Fluminense (UFF) porque não achava graça de suas piadas machistas e ainda respondia às piadas ridicularizando o professor. Ele contava divertidamente, em um curso de pedagogia majoritariamente frequentado por mulheres, sobre homens que ganhavam dinheiro ensinando outros homens a terem cuidado com seus relacionamentos para que não configurassem união estável e acabassem tendo que pagar pensão para as ex.

Na semana passada assistimos o caso do mentor de masculinidade que ameaçou uma atriz que havia debochado de um de seus vídeos, onde ele demonstrava uma suposta superioridade masculina. Depois da ameaça de processo ou bala à mulher, vários homens fizeram um movimento apoiando as mulheres e ridicularizando o profissional, escolas de formação de coaches emitiram notas de repúdio à atuação do profissional e às mídias que o intitulavam "coach".

Todo esse burburinho despertou em mim alguns questionamentos: em mais de 20 anos de ensinamentos para seduzir, iludir e enganar mulheres, onde estavam essas pessoas? A misoginia, que cresceu muito nos últimos anos, é um desserviço à democracia. Discursos de ódio e de inferiorização da mulher estimulam os casos de violência e feminicídio. O machismo estrutural traumatiza, fere e mata mulheres brasileiras todos os dias. Muitos casos de feminicídio poderiam ser evitados caso as medidas cabíveis fossem tomadas mais rápido.

Como Mentora de Liderança e Prosperidade Feminina, eu já ouvi muitas histórias de mulheres que haviam sido vítimas de violência doméstica. Uma mulher apanhou do então marido com sua filhinha bebê no colo, denunciou e não deu em nada para o agressor porque ela tinha dado um tapa nele primeiro. É claro que nenhum relacionamento deve chegar à agressão física, mas o fato da mulher dar um tapa no homem em um momento de desespero não dá a ele o direito de seguir com inúmeras agressões.

A machosfera propaga um discurso de superioridade masculina que culpa as mulheres por tudo que as aconteça. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Datafolha, divulgada no dia 02/03, os indicadores de violência contra a mulher subiram em 2022. No último ano, 18,6 milhões de mulheres foram vítimas de algum tipo de violência ou agressão, ou seja, 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente por minuto no país. E o pior é que, na maioria das vezes, a mulher é considerada culpada pela violência que sofreu.

Eu já vi mulheres que foram estupradas e que acabaram sendo julgadas culpadas pelas roupas que trajavam ou porque haviam bebido. Já vi mulheres, que foram traídas por anos, serem julgadas como prostitutas ao se divorciarem e iniciarem um novo relacionamento.

As conquistas femininas são muito recentes, apenas há 91 anos a mulher passou a votar. Apenas a partir de 1962 a mulher pode trabalhar sem precisar da autorização do marido. Somente agora, em 2023, passou a vigorar a Lei 14.443/2022, onde a mulher pode fazer laqueadura sem precisar da permissão do cônjuge.

Exercer a sororidade é cada vez mais necessário. Precisamos parar de julgar as mulheres e levantar questionamentos sobre o que ela teria feito para merecer tal agressão. Não, nada justifica. Estupro é estupro independente da roupa que a mulher utilize.

Em meu novo livro "Mulheres que Transformam Mulheres: seja protagonista da sua vida”, a advogada Andréa Peres relata casos de violência obstétrica, onde os médicos negligenciaram as vítimas, que acabaram perdendo seus bebês. Eles foram inocentados ao se defenderem alegando que as mulheres não fizeram o pré-natal.

Infelizmente, em alguns espaços, a voz do homem tem muito mais peso do que a da mulher. Eu já tive uma cliente que dirigia uma instituição de ensino superior que era coordenada por vários homens e, quando essa gestora ia para as reuniões, costumava levar um grupo de professoras e professores para endossarem a sua fala, para que pudesse ser ouvida por seus pares e respeitada pelos mesmos.

Podemos e devemos construir uma sociedade livre do sexismo, do machismo e da misoginia e isso acaba com a educação familiar e escolar. Práticas simples como a divisão de tarefas domésticas, independente do sexo. Ensinar que todo ser humano merece respeito, independente de religião, cor da pele, gênero ou opção sexual.

Educar meninos para se relacionarem com seriedade ao invés de formar homens pegadores e ensinar nossas crianças e adolescentes a não julgarem, a procurar escutar as mulheres antes de culpá-las, também ajudam.

Evitar fazer ou rir de piadas que desvalorizem a mulher; recomendar a leitura de bons livros como, por exemplo, “Sejamos todos feministas”, de Chimamanda Ngozi Adichie; debater os casos de violência contra mulher que aparecem na mídia; e ensinar as adolescentes e jovens a evitarem relacionamentos amorosos que podem levá-las aos adoecimento físico e mental também é importante.

Ensine as meninas a ficarem atentas para não ficarem em um relacionamento abusivo. Este tipo de relação é aquela em que uma das partes exerce controle sobre a outra a fim de obter benefícios próprios, ou seja, uma das pessoas exerce excessivo poder sobre a outra. Num desejo de controlar o parceiro, ele começa esse controle de maneira sutil e, aos poucos, conforme a reação da outra parte, ele pode ultrapassar os limites, causando muito sofrimento.

Fique alerta a alguns indícios de relacionamento abusivo:

1) Ciúme excessivo

O outro, usando como desculpa o ciúme, começa a ser controlador e manipula as suas decisões, profere ofensas e invade a sua privacidade.

2) Controle sobre tudo

As pessoas tendem a usar desculpas como: "eu te amo demais" ou "é para o seu bem" e ainda "é para sua segurança".

3) Invasão de privacidade

Quando o outro começa a roubar senhas, rastrear seu celular, ler seus e-mails e mensagens, isso é invasão de privacidade.

4) Depreciação

O seu parceiro zomba de você na frente dos outros, ri e faz gracinhas que são desconfortáveis para você e quer discutir questões pessoais em público.

5) Justificação por culpa

Ele diz que fez uma ou outra coisa ruim porque estava em uso de drogas ou álcool. É apenas uma desculpa para camuflar a violência psicológica que está fazendo com você.

Ao menor sinal de relacionamento abusivo, procure ajuda. Toda violência, seja ela sexual, física, psicológica, patrimonial ou moral precisa ser combatida e denunciada. Sua responsabilidade é ajudar a combater a violência contra mulher.

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